Santos Futebol Clube e a Era Cleber Xavier: Expectativas Táticas e Reconstrução
Alô Nação Santista! Saudações Alvinegras!
O Santos Futebol Clube, clube historicamente vinculado ao DNA ofensivo e à revelação de craques, inicia um novo ciclo sob o comando de Cleber Xavier, ex-auxiliar de Tite por 24 anos.
A contratação do técnico de 61 anos, que assume pela primeira vez como comandante principal, mistura experiência acumulada em comissões técnicas de alto nível e a ambição de construir uma identidade própria.
Com um elenco em fase de reestruturação após o retorno à Série A, o Alvinegro Praiano busca estabilidade técnica e resgatar o protagonismo perdido nos últimos anos.
A chegada de Xavier não se limita a uma simples troca no comando da Comissão Técnica: traz consigo filosofias de gestão humana, influências táticas do período ao lado de Tite e o desafio de conciliar expectativas imediatistas com um projeto de médio prazo.
A Bagagem de Cleber Xavier: Dos Bastidores da Seleção ao Comando Solo
Herança Tática do Período com Tite
Cleber Xavier não chega ao Santos como um desconhecido.
Sua trajetória como braço direito de Tite em clubes como Corinthians, Flamengo e na Seleção Brasileira oferece pistas valiosas sobre o estilo de jogo que pretende implementar.
Durante as duas Copas do Mundo (2018 e 2022) e nas passagens por grandes clubes, Xavier absorveu princípios como a pressão alta após a perda da bola e a organização defensiva compacta, marcas registradas do trabalho de Tite.
No Flamengo, por exemplo, a equipe adotou o “perde e pressiona“, estratégia que exige recuperação da posse em até dez segundos, encurtando o campo para o adversário e criando chances rápidas de transição.
Essa mentalidade combina com o histórico ofensivo do Santos, mas exigirá adaptações, já que o elenco atual não possui o mesmo preparo físico e técnico de um Flamengo.
A influência de Tite também se reflete na valorização de estruturas defensivas sólidas.
No Brasileirão de 2024, o Flamengo de Tite sofreu apenas um gol em doze jogos, graças a um sistema que alternava entre 4-3-3 ofensivo e 4-1-3-2 defensivo, com pressão iniciada pelos atacantes.
Xavier provavelmente replicará essa ênfase na organização, priorizando a solidez coletiva em detrimento de individualidades – um contraste interessante para um clube acostumado a depender de estrelas como Neymar e Pelé.
Transição para o Comando Principal: Autonomia e Novos Desafios
Após mais de duas décadas como auxiliar, Cleber Xavier assume o desafio de provar que pode liderar sozinho. Em sua apresentação, deixou claro que “chegou para ficar como técnico”, sinalizando que não pretende retornar à sombra de Tite. Essa independência será testada imediatamente: o Santos enfrenta a pressão de reconquistar espaço na elite do futebol brasileiro, com um elenco que mescla jovens da base e nomes experientes, porém sem o mesmo brilho de outrora.
Xavier traz consigo parte da comissão que trabalhou com Tite, incluindo Matheus Bachi (filho de Tite) e Fábio Mahseredjian, preparador físico conhecido por métodos inovadores. Essa continuidade garante coesão interna, mas também aumenta as expectativas, já que a torcida associará naturalmente seu trabalho ao sucesso do antigo mentor. O desafio será equilibrar a herança recebida e inovar, criando uma identidade que una pragmatismo tático e a tradição ofensiva santista.
Filosofia de Trabalho: Jogadores, Torcida e Gestão Humana
Priorizando Relacionamentos e Resiliência Psicológica
Em sua primeira coletiva, Cleber Xavier deixou claro que “o futebol é do jogador e do torcedor”, frase que sintetiza sua abordagem humanista. Longe de discursos técnicos complexos, ele enfatizou a importância de “liderança por convencimento” e de resgatar a confiança de atletas desacreditados. Esse foco na gestão emocional é crucial para um elenco que enfrentou crises recentes, incluindo o rebaixamento em 2023 e a pressão do retorno à Série A.
Xavier também sinalizou que não dependerá imediatamente de reforços, preferindo avaliar o potencial do grupo atual antes de pedir contratações.
Essa paciência contrasta com a cultura imediatista do futebol brasileiro, mas alinha-se à realidade financeira do Santos, que ainda aguarda a conclusão das obras do Mercado Livre Arena Pacaembu para aumentar sua receita.
Se conseguir extrair o máximo de nomes como Gabriel Brasão (goleiro) e jovens da base, Xavier poderá estabelecer uma cultura de aproveitamento interno, reduzindo a dependência do mercado.
Defesa Organizada e Transições Rápidas
Dados os problemas defensivos que contribuíram para o rebaixamento em 2023, Xavier deve priorizar a organização coletiva. No Flamengo, Tite utilizou zagueiros altos e laterais recuados para formar uma linha de cinco ao defender, e Xavier pode replicar esse modelo no Santos, usando jogadores como Joaquim (zagueiro) e Lucas Pires (lateral). A presença de Fábio Mahseredjian como preparador físico será crucial para garantir intensidade nos 90 minutos, condição essencial para sistemas de pressão.
As principais características do estilo de jogo de Cléber Xavier, novo técnico do Santos, são:
- Ataque vertical e agressivo: Xavier preza por um time que ataque de forma rápida, buscando o campo adversário com objetividade e intensidade, evitando o jogo direto e bola longa, preferindo uma construção ofensiva organizada.
- Flexibilidade tática: Ele não se prende a um esquema fixo, podendo variar formações ofensivas e defensivas conforme o adversário e o momento do jogo. Pode utilizar desde três zagueiros, dois volantes em linha, meias que flutuam pelas pontas, até dois atacantes com amplitude pelas laterais, sempre buscando surpreender o adversário.
- Organização defensiva e pressão alta: Como responsável pelo sistema defensivo em sua longa parceria com Tite, Xavier valoriza uma defesa organizada que pressione alto para recuperar a bola rapidamente, buscando minimizar espaços para o adversário e acelerar a transição para o ataque.
- Intensidade e busca pela vitória: O futebol moderno, segundo ele, exige intensidade constante, com um time agressivo que sempre busque o resultado positivo.
- Valorização da velocidade e equilíbrio: No Santos, ele pretende explorar a velocidade dos pontas e reforçar o meio-campo defensivo, melhorando o desempenho defensivo sem abrir mão da qualidade ofensiva.
Em resumo, o estilo de Cléber Xavier combina um jogo ofensivo vertical e dinâmico com uma defesa organizada e pressão alta, adaptando-se às circunstâncias de cada partida para buscar a vitória com intensidade e flexibilidade tática.
Desafios Imediatos: Copa do Brasil e Consolidação na Série A
Copa do Brasil: Oportunidade para Sonhar
Em entrevista, Xavier mencionou a Copa do Brasil como objetivo realista, lembrando que o Santos conquistou o título há 15 anos.
A competição oferece uma rota rápida para classificação internacional e injeção financeira, dois fatores críticos para um clube em reconstrução. Para avançar, porém, o time precisará de consistência – algo que dependerá da capacidade de Xavier manter o grupo motivado mesmo em sequências de jogos difíceis.
Brasileirão: Evitar o Rebaixamento e Buscar o Top-10
O objetivo mínimo na Série A será evitar o rebaixamento, mas a diretoria sonha com um lugar no topo da tabela.
Com um elenco enxuto e possíveis reforços apenas no meio do ano, Xavier precisará maximizar recursos limitados, e já sinalizou que “trabalhará com o que tem”, evitando pressionar a diretoria por contratações caras.
Conclusão: Paciência e Realismo como Pilares
A era Cleber Xavier no Santos inicia-se sob o signo da reconstrução. Com uma filosofia que mistura organização tática, gestão humana e pragmatismo financeiro, o técnico terá de navegar entre as expectativas de uma torcida apaixonada e a realidade de um clube em recuperação. Sua capacidade de adaptar as lições aprendidas com Tite ao contexto alvinegro, aliada à paciência em desenvolver jovens talentos, definirá se o Santos resgatará seu lugar entre os grandes do futebol brasileiro.
(Crédito: Imagem: Raul Baretta/Santos FC)
Falamos das coisas do Santos, sempre com a parceria e o apoio dos nossos anunciantes!